terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vigésimo segundo Dia



Vigésimo segundo Dia.
 Caracas a Maracaibo

Coincidências que somente o motociclismo proporciona.
Hoje foi um dia para esquecer: Um dia que nenhum integrante do grupo quer sequer lembrar que existiu.
Acreditamos que nada è por acaso, entao queremos agradecer a Deus, por estar sempre nos acompanhando em nossa jornada.
...Para iniciar o dia, nada melhor que acordar cedo, montar na moto e pegar a estrada, com menos movimento, clima fresquinho e ter como presente o raiar do dia no horizonte. Quando eram 06h as nossas motos já estavam roncando e saindo de caracas em direcao a Maracaibo – Venezuela. Mas,  mal estávamos pegando o ritmo de viagem, quando por volta de 07h, descendo uma serra na autopista, fomos alertados pelos carros que vinham em sentido contrário de que algo havia acontecido.
Como eu (Bamberg) estava puxando a frente, diminuí o ritmo e ao entrar na curva me deparei com um acidente de carro que havia rodopiado na pista e capotado, encontrando-se virado ao contrário na sarjeta, contra o barranco. O veículo ao passar por um derramamento de óleo acabou por rodopiar e quando eu esta passando pelo local a mais ou menos 80 km/h, pude escutar uma fritada de pneus. Era outro veículo que estava atrás da minha moto e que começou a derrapar e com isso invadiu a segunda pista da esquerda aonde vinha nosso colega Paini com sua moto, não dando chances a ele de esboçar uma reação mais precisa. Ao desviar do veículo, sua moto também derrapou na poca de óleo, vindo a cair.  Bem que os companheiros de estrada de Boa Vista - Roraima havíam nos alertado  que deveríamos ter cuidado nas serras pois em funcao de a Venezuela possuir muitos carros antigos andando nas rodovias devido ao preço super acessível da gasolina, eles acabam derramando óleo.
No momento da fritada de pneus, pude observar no retrovisor, o nosso colega dando cambalhota e escorregando no asfalto. Neste instante começou a passar um filme em minha cabeca, afinal, todos aqueles veículos que estavam por vir atrás de nós, a moto  no meio da pista e nosso colega caído mais adiante. Foi um desespero total, pois como essa autopista permite andar a uma velocidade regulamentar de 100 km/h, entao o risco de um veículo atropelá-lo é muito grande.
Estacionei a moto e saí correndo. Neste instante estava apontando o nosso colega Jânio que fez uma manobra fantástica para não atropelar o colega e dali pra frente começou uma intensa confusão de freadas, pneus fritando, etc. Mas graças ao bom Deus, o trânsito parou e pudemos ajudar o nosso colega, que se não fosse a roupa de proteção que usava, com certeza deixaria  a metade da pele de seu corpo sobre a pista.
Quando pensamos em ajudá-lo, ele mesmo se levantou, e saiu correndo da pista, meio atordoado. Tratamos de tirar o capacete dele para checar se estava tudo bem enquanto outros se encarregaram de retirar a moto da pista antes que acontecesse um efeito dominó e todos nós fossemos atingidos. Assim que foi possível, descemos um pouco mais abaixo onde havia um refúgio para estacionarmos as motos com segurança. A partir desse momento começamos a raciocinar com mais calma, e verificamos que o psini havia machucado o ombro. O imobilizamos com ataduras até a chegada da ambulância dos bombeiros de Miranda, que prontamente encaminharam o colega ao Pronto Socorro mais próximo.
Aí começou o nosso calvário, pois o médico não se encontrava naquele momento. Para um diagnóstico mais preciso, foi necessário levá-lo para outra cidade, numa clínica particular. Novamente a equipe dos bombeiros prontamente nos ajudou a encaminhá-lo e também fazer o meio de campo, principalmente com as tratativas com as pessoas, intermediando as conversas com a língua espanhola, pois o meu "portunhol" tem em ajudado muito e me defendo bem, porém, lá haviam muitos termos  técnicos, aí a coisa apertou.  Mas, graças ao bom Deus, há momentos que são especiais e este foi um deles,. Acredito que as afinidades falaram alto e  a partir do momento em que os bombeiros ficaram sabendo que eu também era bombeiro, tudo começou a fluir mais facilmente, pois hà irmandade entre nós, nao iomportando em que lugar do mundo estivermos. Quando o médico foi chamado ao hospital, já de antemao, fez o preço de B$ 6.000,00 (Bolívares). Meus colegas bombeiros novamente nos auxiliaram. Pediram que providenciássemos  um raio x e nos levaram até a estação do bombeiro onde havia o médico de plantão. Por sorte estava lá no  ambulatório, um médico ortopedista e um clínico geral que prontamente atenderam o nosso colega, constatando que havia uma  pequena fratura com luxacao. Receitou medicamentos para dor e anti-inflamatórios e uma tala de imobilização do ombro, recomendando repouso total.
Começa mais uma etapa de irmandade bombeirística, pois os colegas que nos atenderam em torno das 07h30min já estavam conosco até as 10h30min e claro, o plantão já havia acabado há muito tempo. Como não conhecíamos nada da cidade onde estávamos, entrou em ação outro colega que estava entrando de serviço, o qual imediatamente falou com seu sargento chefe de plantão para que ele o liberasse para nos levar em seu veículo particular para comprar os medicamentos e a tala solicitados. Depois disso nos acompanhou, voltando mais de 20 km até chegarmos a polícia de trânsito. Lá estavam nossos colegas, bem como, a moto acidentada e retida.
Iniciou outra etapa de negociação, pois o chefe de polícia ordenou que a moto fosse retida no depósito e a documentação do informe de acidente fosse remetida ao judiciário para despacho dali a quinze ou vinte dias.
Como nada é por acaso, apareceu um motociclista de Caracas com sua Fazer Yamaha 600 cc numa Estação de Serviço, localizada a uns 100m do posto da Polícia de Trânsito, onde nosso colega Fillipi estava fazendo um lanche. O Filippi se dirigiu a ele pedindo ajuda . Ele era nada mais e nada menos que o inspetor da Conapol, comparado no Brasil a Polícia Federal. Este Sr. chamava-se Julian Lopez e com seus quase 60 anos, de pronto veio ao nosso encontro e começaram as negociações. Ao final teve que rolar uma propina de U$ 100,00 para que todos os papéis do levantamento de trânsito fossem rasgados.
A partir daí o inspetor providenciou um guincho para levar a moto até a cidade chamada La Vitória, onde a moto seria despachada de avião ao Brasil e o nosso colega Paini iria comigo na garupa até as Ilhas Galápagos, para dali seguir de avião até sua casa. Porém, felizmente, durante o caminho, o Paini teve a genial  idéia de arrumar um piloto para sua moto até Pasto na Colômbia, onde encontraremos nosso amigo. Esse periodo que duraria uns  10 dias, poderia lhe permitir uma boa recuperacao e quem sabe lhe permitisse pilotar novamente dando seguimento a nossa expedicao.  
Chegando a cidade de La Vitória, tratamos de forrar nossos estomagos. Enquanto o almoco estava sendo preparado, contatos eram feitos. Tudo, inexplicavelmente se encaixava. Coisa divina, segundo o Janio. Comecaram a aparecer motociclistas locais, dispostos a nos ajudar e incrivelmente apareceu uma pedaleira que substituiria a do Paini quebrada no acidente. Era a de um motociclista que tinha uma ferreteria ao lado do restaurante e que possuía, nem ele sabe bem o porque, uma de reserva.
Também em menos de meia hora arrumaram um piloto de moto cross que se propôs a seguir viagem conosco. De pronto ele nos ajudou a tirar a moto de cima do guincho e já fez uma rápida revisão na moto do Paini. Nos levou a um hotel e depois de vários telefonemas o mesmo conseguiu até um mecânico que arrumasse a mola do pé de apoio da moto do Fillipi que também havia se desprendido.
São essas coincidências que eu menciono que somente podemos presenciar no mundo motociclístico, onde a irmandade e a afinidade sao muito forte, não deixando seus colegas desamparados, mesmo que nunca os tenham visto na vida, qualquer que seja o país, a linguagem é a mesma.
Para concluir o dia, depois de tudo que aconteceu, fomos até um local que vende cerveja, um pequeno mercado, pois em bares depois das oito horas da noite ninguém pode vender álcool segundo uma Lei do Governo. Este mercado as vende para pessoas que as adquirem para levá-las para casa.  Tomamos várias rodadas pois apesar de um dia terrível, tínhamos que comemorar, afinal os danos corporais, bem como os físicos poderiam ter sido muito maiores.
Vale dizer que, na Venezuela observa-se no rosto das pessoas o medo e a desconfiança, pois várias delas nos alertam para que nos cuidemos em certos lugares, pois sao muito perigosos.
Outro fato que vale ressaltar é o fato do ar condicionado central dos hotéis, ser muuuuiiiito frio e sem regulagem, e a opcao liga/desliga é inexistente.  O jeito é dormir de roupa ou solicitar um edredon.
Depois de um dia cheio de fortes emocoes e provacoes, fomos dormir.....com casacos!!!

























8 comentários:

  1. Na vida temos que contar com o nosso esforço, ajuda dos amigos , de Deus e um bocado de sorte também.Quando tudo parece que vai dar m... o melhor é ir tomar umas cevas, parar um pouco descansar que tudo volta ao normal. Vai dar certo no final. Abraço a todos. Confiem..

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  2. ola gente ,tive a onra de receber a vizita do sr.joao seus colegas ,entao sou INES PASA DA KASINSKI DE MARAVILHA bá q pena o acidente com o colega ,mas q nada deus esta com vcs pelas andanças deixo tbem um grande abraço pro FELIPI E ESPOSA Q DEUS ILUMINA A TDOS um otimo retorno p tdos fiquem com deus

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  3. Ola pessoal.
    Boas melhoras para o vosso colega.
    Aprendi uma coisa na vida quando ainda menino.
    Quem tem boca vai a qualquer lugar...
    E quem tem humildade sempre tem uma mão amiga para ajudar...
    Se cuidam; e que Deus vos acompanhe nesta jornada.
    Abraço... Vandoir Itapiranga

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  4. gurizada....vcs me matam do coração. Se eu infartar aos 23 anos processarei vcs por fortes emoções hehehe estou muito feliz que tenha dado tudo certo e mais feliz ainda pela irmandade e solidariedade que vcs encontraram por ai... cuidem-se, melhoras e boa viagem....vrum vrum vrum...KARINNA FILIPPI

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  5. Ola pessoal , a tranquilidade e a calma move montanhas, são coisas que acontecem, , ao colega paine , não se preocupe que vc em poucos dias pilotará sua moto , pequena fratura não e nada grave, segundo Comentário de vcs , boas melhoras , e se cuidem , Deus os acompanhe , mas que deu um susto para nos ,isso foi, fe companheiro e vomos em frente, abração a todos e boa sorte no transito,


    joao e joceli

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  6. Que susto hein Paini? mas vaso ruim trinca mas nao quebra he he (brincaderinha) Levanta sacode a poeira e vao em frente que tem uma galera torcendo por voces. DEUS OS ACOMPANHE. PAULISTA EMS

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  7. Mas essa viagem de vcs ta melhor que a novela das 9 cheeee!!! Brincadeira a parte... Barbudinho la encima olha pelas pessoas de bem, logo, ele esta com os companheiros ai!!! Bora pra frente, que vai dar td certo. Um Abração e continuem com Deus.

    Ale Dalmina

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  8. O GALERA...
    VAMOS TOMAR CUIDADO E DEUS ACOMPANHE ATURMA AÍ...
    SORTE E ABRAÇÃO A TODOS...
    BEIJÃO SEU LIRIO....

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