terça-feira, 6 de setembro de 2011

Trigésimo Quarto Dia


Trigésimo Quarto Dia – 01 de Setembro de 2011
Papayan a Pasto
 
Nada é por Acaso...
Não fossem os problemas de freio da moto do Filipi, que nos forçou a buscar abrigo num hotel a beira da rodovia onde, diga-se de passagem, fomos muito bem acolhidos pelo proprietário e seus funcionários e dentro da simplicidade de suas acomodações nos instalou, providenciou janta para todos e depois de uma noite bem dormida, tivemos um inicio de dia que poderia chamar de presente de Deus e sua natureza maravilhosa, pois o hotel tem uma grande sacada onde funciona o restaurante e a localização é privilegiada, pois a construção está encravada dentro da Cordilheira e a sacada do restaurante privilegia a vista para um penhasco da cordilheira dando o ar da graça para todos que ali se acomodam.
Depois de um bom café da manhã, o grupo colocou as motos para rodar descendo a cordilheira e logo em seguida se inicia outra subida, tendo o registro de altitude no GPS em 3.286 m acima do nível do mar, fazendo com que alguns de nossos companheiros tiverem uma leve dor de cabeça, porém tudo isso é compensado pela linda visão que todos tinham a cada momento, contemplando as cadeias de montanhas com sua formação característica.
Nem sempre as fotos registram exatamente o que nossos olhos enxergam, porém sempre que possível a nossa fotógrafa oficial, companheira Tita fazia o registro com sua câmera fotográfica além de várias paradas que o grupo fez para contemplar as belas paisagens que a cordilheira propicia a quem se desloca por este caminho.
Contemplando todas essas maravilhas que a natureza nos presenteia, reforça o que eu penso sobre algumas facetas que a vida nos apresenta, e estou convicto de que, “Nada é por acaso”, tudo tem uma razão. Voltamos a recordar o problema de freio que a moto do Filipi apresentou descendo parte da cordilheira na noite anterior, tivemos que nos hospedar no hotel na beira da rodovia e somente seguir a viagem no dia seguinte.
Não fosse o problema de freio, teríamos feito o trajeto até Pasto durante a noite e talvez teríamos chegado ao destino pré-definido pelo grupo por volta das 22h, porém não teríamos tido a chance de contemplar as belas paisagens das quais todos foram presenteados no dia seguinte.
Chamou a atenção pelos fortes ventos que sopravam enquanto nos deslocávamos na cordilheira, provocando vários desmoronamentos de pedras, ficando em certos momentos muito perigoso o deslocamento, fazendo com que a atenção dos pilotos fosse redobrada.
Quando eram exatamente 11h da manhã o grupo estava chegando a Pasto e para nossa alegria, o nosso irmão Hernando estava nos esperando na entrada de sua cidade fazendo uma festa fora do comum, abraçando a todos com muita emoção e em determinado momento ele não teve como conter as lágrimas, sendo insistente em dizer da alegria que estava sentindo pelo fato de termos cumprido a nossa promessa de visitá-lo e retribuir a visita que ele havia feito.
Promessa esta, que foi feita quando o Sr. Hernando Rivera esteve nos visitando no último Motocão realizado em Março/2011 e no dia de hoje conseguimos finalmente retribuir com grande satisfação para todos.
Dali para frente a cada momento éramos surpreendidos pela hospitalidade do nosso irmão de estrada, num primeiro momento nos instalou num hotel chique da cidade e não permitindo que nós pagássemos as nossas diárias.
Todos tomaram um bom banho enquanto o Sr. Hernando estava nos esperando na recepção do hotel e dali, nos dirigimos a uma oficina especializada de motos, onde já estava tudo acertado com o proprietário, sendo anotado na ficha de serviços o que cada moto necessitava ser feito de manutenção, pois todas elas necessitavam efetuar a troca de óleo, limpeza de filtros, ajuste de corrente, lavagem, troca de pastilhas, etc., e a partir dali nos deslocamos para almoçar com uma Van também contratada por ele. Novamente no almoço não permitiu que alguém pagasse um centavo da conta.
A tarde foi dedicada para fazer um tur na cidade e depois voltamos ao hotel para nos preparar para a noite onde também já estava programado num restaurante da cidade uma janta típica da cidade de Pasto chamado “Cui ao prato”. Para quem não sabe o que é Cui, é um bichinho parecido com o porquinho da índia, animal que por aqui é criado em escala industrial de tanto que é apreciado.
Todos os companheiros do grupo se deliciaram com a iguaria que estava muito deliciosa, e claro, o acompanhamento com uma cerveja geladinha. Após a janta todos se recolheram ao hotel para descansar e no dia seguinte bem cedo nos deslocar para uma ilha chamada de La Cocha localizada em um lago muito grande de água doce, distante em torno de 40 km de Pasto. Uma ilha que teria muita energia positiva, sendo alvo de muita visitação pública.
Gostaria de enfatizar de que, “Nada é por acaso”, pois o Sr. Hernando numa de suas viagens de moto, nos contemplou com a sua visita ao encontro de motos dos Cães do Asfalto. Como o Sr. Hernando já foi comandante de bombeiros em Pasto, o mesmo foi hospedado junto ao Corpo de Bombeiros, onde o Major Aldo Comandante da Unidade de pronto disponibilizou um quarto específico para visitantes e foi assim que todos conheceram o nosso irmão de estrada que ficou muito encantado com a hospitalidade do povo de nossa cidade, pela limpeza das ruas e cuidado com as fachadas de prédios e casas.
Todo esse gesto de acolhimento demonstrado por todos de nossa cidade, está hoje sendo retribuído pelo nosso anfitrião que não sabe como fazer para agradar a todos.
São gestos como estes que fazem com que o mundo tenha cada vez mais, suas fronteiras encurtadas através de laços de amizade que fazem com que a nossa cidade seja divulgada, a simplicidade, a humildade e principalmente os gestos de carinho demonstrados pelo nosso povo, sejam motivos de manifestações a todo momento pelo nosso anfitrião que fazia questão de falar a todos de sua cidade que vinham a conversar conosco, deixando a todos lisonjeados.
Bom pessoal, por hoje é só. Amanhã estaremos descrevendo de como foi o nosso tur pela ilha da magia.

Um forte abraço.
Bamberg e Equipe















































Trigésimo Terceiro Dia

Trigésimo Terceiro Dia – 31 agosto 2011
Bogota a Papayan
Como pretendíamos chegar a Pasto, cidade da Colômbia, onde mora nosso amigo Hernandes, cidade que se situa perto da divisa com o Equador, o que daria mais ou menos uns 800 km, o sol ainda não tinha dado o seu ar da graça e já estávamos cortando  estrada. Eram exatas 5h da manhã, ou seja, caímos da cama às 4h. Afff!!!
Em princípio, o asfalto era de boa qualidade com muitos trechos de autopista, contudo, quando iniciamos a cruzada pela Cordilheira dos Andes, o martírio se iniciou novamente. A altitude máxima ficou em 3.286 metros acima do nível do mar, e as curvas eram contínuas e bem acentuadas que segundo o companheiro Lírio, fariam a Serra do Rio do Rastro ou um cotovelo passarem vergonha. De aproximadamente 600 km que percorremos neste dia, uns 50% eram em áreas montanhosas (andinas) com cursas e mais curvas, o que acaba comprometendo o rendimento da viagem, pois não se consegue andar a mais de 40 km a 60 km/hora devido ao grande número de caminhões transitando, bem como, o terreno exageradamente “dobrado”. Com certeza esse é um grande teste para quem manobra uma motocicleta. Os sustos foram muitos e a adrenalina estava à flor da pele, o que por vezes acabava alterando um pouco os ânimos da galera, o que é completamente compreensivo diante da situação do forte stress, mas graças ao nosso bom Deus a expedição seguiu com todos intactos e sem nenhum incidente. As paisagens que vislumbrávamos eram lindas, o que nos trazia um certo consolo.
Um grande trecho dessa rodovia, principalmente nas montanhas, possui somente uma pista, dificultando o trajeto e ao mesmo tempo tornando-o muito perigoso em função dos inúmeros desmoronamentos que acontecem lá. O governo colombiano está construindo uma segunda pista com obras de engenharia que é de “encher os olhos”. São túneis e pontes sendo construídos em penhascos com mais de 200 metros de profundidade. Realmente impressionante!
Quanto à economia observada ao longo do trecho de Bogotá até Cali, muita criação de gado e plantações de milho. Passado Cali, plantações enormes de cana de açúcar, plantações de café e criação de gado.
Quando chegamos à cidade de Popayan ainda faltavam uns 200 km até Pasto e o sol já estava no poente. Determinados a irmos até Pasto nesse dia, seguimos viagem, mas ao subir uma serra a moto do Filippi pegou um buraco entortando o pistão do braço hidráulico que levanta o cavalete central. Como a regulagem do pedal do freio estava “enforcado”, isso fazia com que as pastilhas ficassem encostando, o que conseqüentemente gerava um super aquecimento das mesmas. Esse aquecimento exagerado ocasionou o não funcionamento dos freios. Ficamos em um posto de combustível por uns 40 minutos aguardando o seu esfriamento. Testamos os freios e resolvemos dar prosseguimento em nossa viagem, lembrando que já havia anoitecido. Logo mais abaixo, paramos para checar os freios. O traseiro estava novamente super aquecido, então, a preocupação se instalou e a segurança de todos falou mais alto. Paramos em uma pousada ao lado da carretera(rodovia), onde decidimos pernoitar, pois havia garagem para as motos, jantar para os famintos e uma caminha nos chamando depois de um dia daqueles. Era uma pousada muito simples, porém, simpática, onde pessoas costumam ir para praticar tirolesa. É uma grande tirolesa com uma extensão de 950 metros e uma altura de 150 metros, com um cabo de aço de 3 polegadas. Como a altura era bem expressiva, o cabo meio fino e os cintos um pouco antigos, acabamos não nos encorajando a praticar o esporte, ainda que haviam dois integrantes do grupo atiçadinhos para fazê-lo.